Negócios de verão, um bom e um mau exemplo

Negócios de verão, um bom e um mau exemplo. Em Portugal estamos no ponto alto do verão. As temperaturas estão acima dos 30º e as praias cheias de turistas nacionais e estrangeiros. Quem tenha um negócio, que dependa especificamente do período balnear, deveria ficar a esfregar as mãos de contente com a quantidade de potenciais clientes. Mas não. O que tenho presenciado é justamente o contrário, e passo a explicar.

Estou de férias há alguns dias e ainda me faltam mais alguns para concluir esta minha curta estadia. Tenho o privilégio de estar a passar estas merecidas férias ao pé da praia (posso ir a pé se quiser) e onde os supermercados, mercearias, lojas, restaurantes, bares, cafés, pastelarias e padarias fazem fronteira com o imenso areal da praia, estando todos somente separados pela rua principal.

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No entanto, tirando alguns (poucos) restaurantes, o resto dos estabelecimentos que sobrevivem dos turistas, estão literalmente as moscas durante o dia inteiro. A partir da areia, vejo os empregados atenderem alguns pouquíssimos clientes que se sentam ao sol para tomar uma água ou uma imperial, mas não ficam sequer 5 minutos por causa do calor. Para onde vão? Voltam para o areal para estenderem-se na toalha e o empregado volta a sua modorra, a transpirar e a não fazer nada. Claro que há algumas pouquíssimas excepções que entram um pouco mais de turistas.

Ok, sei há muitos anos que isso é, e sempre foi, a realidade de muitos locais de praia pelo país inteiro e estará a perguntar o que tem isso de errado? A resposta é tudo e nada. Vejamos um excelente exemplo. Aqui os nossos vizinhos espanhóis, em todas as zonas balneares tem uma estratégia fantástica que funciona muito bem, rende muito dinheiro e agrada muito todos turistas.

Antes de explicar o que fazem, respondo a mais uma pergunta: o que o turista quer fazer quando está de férias? Descansar. E descansar significa não fazer absolutamente nenhum esforço físico para além de levantar e arrastar-se até ao mar para tomar um banho. De resto, querem é ser (bem) servidos e mimados o máximo possível, e para isso pagam bem.

Bem, agora explico melhor o bom exemplo que os espanhóis fazem. Quando inicia o verão todos os bares e restaurantes a beira-mar, com as mesmas condições que temos aqui em Portugal, criam uma equipa de empregados que está na beira do areal, munidos de bandejas, ementas, mesinhas de plástico e um sorriso nos lábios. Há uma outra equipa de suporte a que trabalha no areal que somente fazem o percurso praia-restaurante-praia a levar os pedidos e a trazerem a comida e bebida para serem servidas pela primeira equipa. O pagamento é imediato e não há forma de fugir ou ser enganado. Não paga, não come e não bebe. Isso começa logo as 09h00 da manhã e funciona de forma ininterrupta até as 20h00, estão sempre a servir e a facturar muito dinheiro. Ao meio da tarde muda-se as equipas mas o serviço continua firme e constante. É ver saladas, sangrias, cervejas, sanduiches, saladas de fruta e mais uma infinidade de comidas e bebidas sempre a serem servidas. Criam-se verdadeiras rodas de amigos, todos a serem servidos com muito cuidado e simpatia e sempre a pedirem mais e a pagarem no acto da entrega. Não há dinheiro, tudo bem, aceitam cartões de crédito e débito. O que não pode acontecer é o cliente querer consumir e não poder pagar por que o seu meio de pagamento não é aceite.

Agora como funciona em Portugal e eis o mau exemplo que quero partilhar pois vivi isso na primeira pessoa. Num destes dias de muito calor, o areal estava a escaldar e resolvemos atravessar a rua e irmos almoçar num dos restaurantes a beira do praia. Sempre fugíamos um pouco do calor abrasador. Sentamos numa das mesas que achamos mais agradável, visto o restaurante estar vazio. Passado pouco tempo o único empregado veio falar connosco para inicialmente dizer que só tinham dois tipos de peixe (douradas e linguados) ou em alternativa um bife na pedra (?!?!?!). não tínhamos nem pensado no que comer e já levávamos com uma opção parca e sem variedade.

Optamos pelos linguados visto que as douradas eram de aquacultura. Pedimos uma sangria e quando veio a sangria, gelo que era bom, NADA! Pedimos para nos porem mais gelo, pois o calor apertava.

Tive que chamar o empregado para lhe pedir uma azeitonas e um queijinho seco para couvert pois nem isso ele se lembrou de trazer.

Estranho. Tanto calor, a praia lotada de gente e este restaurante a beira mar totalmente vazio. O dono, por acaso, veio cá fora e perguntei por que não havia mais gente no restaurante já que a praia estava lotada. Resposta: São turistas que não querem gastar dinheiro. Vem para a praia e trazem toda a comida dentro de lancheiras. Para estragar há também aqui os supermercados onde eles vão comprar cervejas em lata, batatas fritas, pão, fiambre e queijo para fazerem as sanduiches na beira da praia.

Fiquei de boca aberta a ouvir e depois olhei para a praia e não vi ninguém a fazer o que ele disse que faziam. Infelizmente uma opinião não suportada em nenhum facto, mas sim numa preguiça descomunal e nenhuma vontade de ganhar dinheiro.

Depois de almoçarmos, perguntei ao empregado de mesa por que é que o patrão não tinha empregados na praia a servirem as pessoas e assim ganharem muitos clientes? Resposta do empregado: O patrão não quer pagar para ter mais empregados, aliás, como viu, sou só eu para todo o restaurante. Ele diz que isso de ir servir as pessoas na praia dá muito trabalho, “eles” não vão comprar nada além de estar muito calor. Não quis acreditar no que ouvia, mas é justamente o calor que faz as pessoas comerem e, principalmente, beberem mais!!!.

beach business photo
Photo by ToGa Wanderings

Pedi a conta e a máquina do multibanco. Resposta: não temos multibanco. Tem que ir até ao banco que fica há uns 400 metros pois só aceitamos dinheiro.

Lá fui ao ATM, levantei o dinheiro e voltei para pagar a conta. Só neste trajecto voltei cheio de sede, mas não me atrevi sequer a ponderar pedir alguma coisa para beber. Mal levantamos da cadeira, o empregado começou a recolher tudo o que estava sobre as mesas e passados uns poucos minutos, ele saia pela porta e trancava tudo. Tínhamos sido os únicos clientes do restaurante até ao momento e agora só abriam para o jantar as 19h30.

Conclusão final

Continuo a ver este episódio triste, chato, medíocre em quase todos os outros bares e restaurante da orla da praia. Todos vazios ao almoço e a praia cheia de gente a espera de ser servida, ou pelo menos, com dinheiro para pagar por uma bebida fresca. Enfim, este é o tecido empresarial que pulula a nossa orla marítima e que continuará a reclamar que os turistas vão ao supermercado comprar as bebidas e comida pois não tem a coragem de criar a necessidade nas centenas de turistas que estão sentadinhos na praia a espera que alguém vá lá oferecer e cobrar por isso.

Se é dono de um estabelecimento comercial a beira-mar, use esta minha dica e fique rico por favor.

Muito obrigado por ler o meu artigo.

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    Coach Wilques Erlacher

    ACC Coach Credenciado pela ICF. Especializado em Coach de Desenvolvimento & Metafórico e Presidente do Conselho Fiscal da ICF Portugal. Há mais de 20 anos que trabalho em funções relacionadas com Marketing, Vendas Corporativas, Desenvolvimento de Negócios, Gestão de Clientes, Formação, Mentoria e Consultoria em Vendas. O meu lema é: “Coaching não é para quem precisa, é para quem quer ser melhor” Os meus contactos são: email: we@wilqueserlacher.com || Skype: w.erlacher || Tel: +351 932 558 558

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