Capitulo I – a ideia do projecto

Era um sábado de agosto com o calor típico do pino do verão. Lisboa ardia com uns escaldantes 37º, não sopra uma brisa e quando se caminha na rua, a sensação térmica parece que estamos a entrar pelas portas do inferno.

Os sábados são uma bênção pois consigo dormir um pouco mais por não tenho de ir fazer a limpeza ao escritório. Até consigo chegar ao restaurante do sr. Madeira perto das 11h00 e fazer as minhas tarefas com mais tempo e mesmo mais cuidado.

Como era de esperar, dado o calor que fazia lá fora, o maior movimento do almoço não foi com almoços, mas sim com muita gente a sentar na pequena esplanada lá fora a beber cervejas, vinhos brancos e a especialidade da casa, a sangria de vinho branco com frutos tropicais.

Chegava ao fim o almoço e alguém deixou um saco plástico cheio de jornais e revistas na esplanada que o empregado do restaurante trouxe para dentro. Como o movimento de louça para limpar não estava assim tão grande, fui ao balcão de entrada peguei jornal e fui até a parte de trás do restaurante, onde temos a casa de banho dos empregados, e sentada na sanita, abri o saco e tirei o jornal Expresso para ler as paragonas. Confesso que não é o tipo de jornal que gastaria dinheiro, até mesmo por que não me posso dar ao luxo de estar a gastar qualquer dinheiro em coisas fúteis.

Fui folheando o jornal, vi que o processo de um ex-primeiro ministro não desencalhava, que nada de novo acontecia na fraude bancária que aconteceu num dos mais antigos bancos em Portugal e até que na parte de baixo da página do lado direito do jornal um quadrado com um anúncio me chamou a atenção. Era um “convite” de uma entidade intitulada Entidade de Ajuda a Mulheres Empreendedoras, que convidada mulheres que tivessem uma ideia projecto ligado a área de acção social. Era um anúncio muito simples e com pouco detalhe ou informação. Dizia somente que quem tivesse interesse, deveria entrar no website da instituição, preencher um primeiro formulário para obter um documento que explicaria todo o processo de submissão e os próximos passos.

No momento inicial, li e não fiquei muito interessada. A minha vida já estava demasiado complicada para agora me meter em projectos de empreendedorismo. Segui em frente a folhear o jornal até ao fim, fechei e voltei rapidamente para o meu posto, não me posso dar ao luxo de, no meio do expediente estar a ler o jornal.

Até ao final do turno continuei a pensar naquele anúncio. Como diz o povo “fiquei picada”.

Desde que saíra da casa dos meus pais no Cacém, que penso em ter o meu próprio negócio. Nasci numa casa onde a minha mãe e a minha tia Lúcia eram sócias de um pequeno local onde faziam arranjos em roupas. Cresci a ver linhas, tesouras, agulhas, maquinas de costura e moldes de roupa.

Achava aquilo tudo muito complicado e, mesmo assim, fascinante pois via a minha mãe pegar num pedaço de pano e transforma-lo numa saia, outro pedaço de pano virava um vestido longo, outro ainda rapidamente era cortado e virara uma camisa de homem. Via nos olhos da minha mãe e da minha tia o prazer de ver entrar uma cliente, pedir que elas costurassem ou arranjassem uma roupa e, no final, ver esta mesma cliente toda lampeira a olhar para o espelho e a elogiar o trabalho feito.

Aos poucos fui aprendendo algum ofício que elas me passavam. Estava verdadeiramente interessada em aprender, ou pelo menos conhecer um pouco mais, como elas conseguiam executar aquela transformação mágica de um pedaço de tecido em algo para vestir.

Quando adolescente perto dos meus 15 anos, já tinha o domínio de algumas das técnicas, mas lembro-me como se fosse hoje a minha mãe dizer “Maria, se queres aprender a costurar, então tens que pedalar muitos quilómetros”. E era verdade. A máquina de costura, mesmo as elétricas possuem um pedal que tem que ser pressionado e isso faz a máquina funcionar, era o conta quilómetros a funcionar.

As máquinas que elas tinham no espaço de costura, eram manuais e o pedal era ligado a uma alavanca na parte de cima que fazia correr uma roda maior com uma correia, ligada a uma outra menor mesmo do lado direito da máquina. Era assim que esta mecânica de funcionamento punha a máquina de costura a mexer.

Já com 17 anos, a minha mãe deixava que depois da escola eu fosse directamente para o espaço de costura ajudar nas tarefas. Foi assim até aos meus 20 anos, já dominava as principais técnicas de costura. Mas não era o fim, afinal todos os dias aprendia algo novo, pois havia sempre um ponto ou uma técnica nova que desenvolvia para conseguir avançar e entregar peças de roupa únicas.

Porém lembro-me como se fosse hoje, tinha acabado de completar 21 anos em 21 junho, era a minha idade capicua. Estava na faculdade e durante a aula de economia III o meu telemóvel vibrou, pois desligo o som sempre que estou na aula. Olho para o visor e vejo o nome do chamador e era a minha mãe. Não atendi logo e deixei que a chamada fosse para a caixa de correio  de voz. Toca uma segunda vez, deixo novamente ir para a caixa de correio de voz e só quando vibra pela terceira vez seguida é que comecei a ficar desconfiada. A minha mãe nunca ligava três vezes seguidas.

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Saio da sala de fininho para não incomodar a aula, ligo para ela e do outro lado da linha um voz embargada de sofrimento e chorosa me diz: “filha, vem rápido para casa por favor, a tua tia Lúcia teve um uma dor muito forte do lado esquerdo do peito. Uma cliente que estava lá na loja ligou para o 112 e agora levaram ela para o Hospital Santa Maria. Preciso de ti por favor”.

Desorientei-me e só consegui dizer “claro mãe, vou pegar as minhas coisas e vou já para casa”. Não interessa muito para o contexto deste capitulo explicar tudo que aconteceu logo a seguir. Só posso dizer que passados dois dias a minha tia Lúcia tinha falecido. Sofrera um ataque de coração que associado ao excesso de peso que tinha, pouco exercício físico e as veias do coração entupidas ajudaram para o desfecho trágico.

Foi o início do fim da loja de costura. A minha mãe, apesar de ainda ter somente 51 anos, já não tinha interesse em continuar a trabalhar sozinha. Ainda fui ajudá-la para finalizar as ultimas peças que estavam comprometidas com algumas clientes, mas 30 dias depois do funeral da tia Lúcia a loja de costura fechava.

Apesar desta contrariedade, nunca deixei de gostar da costura. Por isso que não deixara de pensar no anúncio do Expresso. Seria esta a minha oportunidade de apresentar um projecto? O anúncio dizia ideias inovadoras de projectos sociais. Como poderia ajudar a sociedade e mesmo assim ter independência e ganhar dinheiro? Isso pôs-me a pensar.

Neste sábado de calor intenso, não houve um abrandamento do calor quando chegou a noite e sozinha no meu quarto, deitada na cama com a janela aberta para ver se entrava uma brisa, continuava a pensar numa ideia inovadora que pudesse aplicar a minha arte de costurar. Adormeci embalada pelo ar quente que entrava pela janela e o barulho dos carros a passarem longe no IC17.

Parecia que o universo conspirava a meu favor, talvez por querer tanto, sonhei que tinha uma loja de costura que ao mesmo tempo era também uma escola. A loja estava cheia de gente, mas não eram só clientes. Eram também alunas. Estava a passar todo o conhecimento que tinha para estas alunas que eram pessoas menos favorecidas e o resultado do trabalho feito por elas era vendido e uma parte do lucro revertia para o meu negócio.

Ao contrario dos pesadelos, desta vez acordei com um sorriso nos lábios e corri ate a mesa da sala, peguei numa folha de papel e numa caneta e comecei a escrever o esboço do que sonhara como o meu projecto inovador na área social.

Tinha encontrado a minha ideia. Iria propor a criação de uma loja de costura comunitária, onde eu iria ter a possibilidade de criar a minha própria costura e aceitaria mulheres como alunas para aprenderem a arte de costurar.

Nascia na minha cabeça e na folha de papel a minha frente a loja “Maria Costureirinha”.

Observação final

Este conto não é baseado em nenhuma personagem real. Todos os eventos e descrições apresentadas são fruto da minha imaginação e servem o propósito de dar a conhecer aos leitores o poder do na vida das pessoas.

Para conhecer como posso agir de forma positiva em si, na sua empresa e colaboradores, o primeiro passo a dar é agendar uma conversa comigo sobre como poderei ajudar.

Coaching não é para quem precisa. É para quem quer ser melhor!

Muito obrigado por ler o que escrevo.

Pense nisso!

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Capitulo I – a ideia do projecto
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Coach Wilques Erlacher

ACC Coach Credenciado pela ICF. Especializado em Coach de Desenvolvimento & Metafórico e Presidente do Conselho Fiscal da ICF Portugal. Há mais de 20 anos que trabalho em funções relacionadas com Marketing, Vendas Corporativas, Desenvolvimento de Negócios, Gestão de Clientes, Formação, Mentoria e Consultoria em Vendas. O meu lema é: “Coaching não é para quem precisa, é para quem quer ser melhor” Os meus contactos são: email: we@wilqueserlacher.com || Skype: w.erlacher || Tel: +351 932 558 558

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