Capitulo XV – Um fim de semana de sonho

Tive um domingo de sonho. Mas antes vou voltar um pouco atrás. Depois de sair da cerimónia de entrega dos prémios do fim de curso, sai correndo em direção ao carro do Jorge, me joguei literalmente nos braços dele e abracei o seu corpo com as pernas. A cara de espanto que ele fez quando fiz isso só me deu vontade de rir. Ria solto e sem nenhuma preocupação. Após alguns segundos a ficar pendurada no corpo dele, desci e num acto como se fosse lhe contar um segredo, sussurrei no seu ouvido “Ganhei. Fui a primeira colocada no prémio dos investidores”. Afastei-me e sorri como um criança que ganha o seu primeiro brinquedo.

Foi como se o tempo parasse por alguns segundos com o Jorge a olhar para mim com um ar de incredulidade.

“Ganhaste?”

“Sim. Fiquei em primeiro lugar”

“Uau. Como te sentes?”

“Não sei. Foi como se tivesse sido atropelada por uma comboio, mas de forma positiva. Foi um impacto muito forte e agora começo a desopilar de toda a pressão.”

“Mas espera, eu quero saber todos os detalhes, conta-me tudo desde o começo por favor. Entra para o carro e vamos ali para a docas de Santo Amaro sentar numa esplanada para comemorarmos e quero saber tudo.”

“Vamos sim. Apetece-me comemorar e apetece-me outra coisa, mas isso é para quando chegarmos a casa.”

Sorri maliciosamente e ele entendeu o que queria dizer. Seguimos e poucos minutos depois estávamos sentados na esplanada interior do Doca de Santo com uma garrafa de espumante aberta e os copos cheios a brindar o meu prémio.

Contei tudo desde o começo do dia e toda aquela sensação do pitch para o júri e o stress na altura da decisão final. A medida que contava o Jorge olhava cada vez com mais ternura e carinho para mim. Que sensação tão boa ter aqueles olhos verdes a me fitarem como se eu fosse tudo o que existisse no mundo. Falava como se não tivesse nem tempo para respirar entre as frases. A medida que o tempo passava e embalada pelo álcool do espumante, senti que precisava de alguma coisa mais sólida no estômago, afinal já era quase hora do jantar e o dia tinha sido longo e trabalhoso. Pedimos dois bifes com batatas fritas, ovo, salada e para acompanhar uma garrafa de vinho tinto do Douro. Enquanto comíamos eu continuava, qual metralhadora, a contar a aventura do dia e como esperava poder concretizar o sonho de criar o meu próprio negócio, agora que tinha o equipamento que era da loja da minha mãe, o apoio financeiro para alugar uma sala e avançar com o projecto e cumprir o prazo dos três meses que me tinham dado. Contei também do Coach que me tinha sido atribuído pelo ‘menos’ para me acompanhar por dez sessões além da primeira que já era na próxima quarta-feira. Falei tanto que nem demos pelo tempo passar. Já eram quase meia-noite quando saímos do restaurante e fomos para casa. Foi uma noite bem passada dentro dos braços do Jorge deitada toda nua na cama.

Quando acordei olhei para o relógio na mesinha de cabeceira e já eram quase 10h00 da manhã. Não me recordo quando foi a ultima vez que acordei a esta hora. Sentia-me descansada, revitalizada e com uma fome descomunal. Tal como vi em muitos filmes, imitei e enrolei o meu corpo no lençol da cama e sai a arrastar pelo quarto em direção a sala. Quando ia a meio do caminho tive de parar, limpar os olhos como se não estivesse a ver bem. Tinha a mesa da sala posta para o pequeno-almoço tal como se estivesse num hotel. Aproximei-me e comecei, em voz alta a dizer tudo o que tinha sobre a mesa. Café, pão, bolos, fiambre, três variedades de queijos duros, queijo para barrar, queijo fatiado, uvas, maçãs, bananas, sumo de laranja num jarro, compota de morango e outra de mirtilo e para finalizar com um toque romântico, pétalas de rosas vermelhas espalhadas sobre a toalha da mesa.

Olhei em direção a cozinha e vi o Jorge a mexer numa frigideira sobre o fogão onde estava a terminar os ovos mexidos. Ele olha para mim e diz:

“Bom dia bela adormecida. Espero que tenha sido uma boa noite de sono”

Abanei a cabeça a dizer que sim como fazem as crianças.

“Sente-se por favor. Estou a terminar os ovos mexidos”

Deixei o lençol que me enrolava o corpo cair e segui toda nua na direção dele para a cozinha. Ele ainda estava de costa para a bancada que fica a frente do fogão. Subi para ela e com uma voz muito sensual e meiga virei para ele e disse.

“Ambrósio, apetece-me algo diferente”

Ele olha para mim por cima do ombro, vê-me toda nua a sua frente, desliga o fogão e me responde.

“Acho que sei exactamente o que a senhora precisa”

Vi algo a anunciar e manifestar a sua presença por debaixo do pijama dele. Sensualmente abro as minhas pernas e convido-o. começamos a fazer amor na bancada da cozinha, mantendo as minhas pernas enroladas na sua cintura, ele me agarra pelas costas e vamos assim juntinhos até ao sofá. Que forma deliciosa de começar um domingo, sentindo-se amada por alguém que amamos profundamente.

Depois desta sessão matinal de sexo, a fome que já era muita antes, multiplicou por dez depois. Ainda nua, sentei-me na cabeceira da mesa e fui servida por uma pessoa linda, também toda nua. Tomamos o pequeno-almoço juntos e nus. Que sensação maravilhosa. Parecia aquelas histórias que contam sobre os motéis brasileiros.

Saímos da mesa e fomos tomar banho juntos. Sentir o corpo dele ali junto do meu dentro do poliban e com a água quente a nos molhar, foi pólvora para acender o desejo e mais uma vez fazermos sexo. Este domingo prometia ser em grande.

Quando demos pelo tempo já eram quase uma da tarde. mas como era domingo não havia nada para fazer além de cuidarmos um do outro. Vestimo-nos e saímos um pouco para aproveitar o sol que estava, mesmo sendo ainda inverno. Bem agasalhados saímos e fomos em direção ao parque onde eu o tinha visto pela primeira vez. Enquanto caminhava, contei-lhe o que senti naquele dia que o conheci a passear o cão e como tinha ficado caidinha por ele, tal como uma história de amor dos livros e nos filmes.

A medida que caminhávamos lembrei do café onde estava sentada a comer uma tosta mista e quando ele viera falar comigo. Contei o quanto tinha ficado atrapalhada, desajeitada e com o coração aos pulos dentro do peito. Sentamos na mesma mesa onde ele me tinha encontrado e para arrumar de vez com o misticismo, pedimos uma tosta mista de frango e cada um comeu metade acompanhado com uma imperial. Delicia. Para terminar, nada como um babá cheio de chantilly e um café cheio. Ficamos ainda um pouco mais a aproveitar o sol e o quentinho da esplanada coberta do café. Entre idas e vindas, o relógio apontava para as quatro da tarde. o dia ainda ia a meio e não tinha noção do que me esperava para a noite deste domingo. Tal como disse no início, foi um domingo de sonho.

Voltamos para casa a conversar, aliás, não sei como tínhamos tanto assunto para falar. Não nos calávamos, alias, para ser mais correcta, eu não me calava. Quando chegamos a casa, eu encaminhava para o sofá quando ele vira-se para mim e diz.

“Estás pronta para a surpresa do dia?”

“Como assim?”

“Achas que depois destas duas semanas de sangue, suor e lágrimas irias ficar a descansar no sofá a ver o dia a passar?”

“Qual o mal que tem isso?”

“Nenhum. Gostaste da surpresa do pequeno-almoço?”

“Então não. Parecia que estava num hotel de sonho”

“Certo, mas isso não fica por aqui. Vá, levanta-te e vamos”

“Para onde?”

“Isso é para eu saber e tu descobrires quando lá chegarmos”

Sorri e deixei-me levar pela surpresa. Tal como estava, vesti o casaco novamente e saímos pela porta, agora em direção ao carro. Quando entro no carro e me sento ao seu lado, ele pega numa faixa de pano escura e tapa-me os olhos. Carinhosamente pede-me para não espreitar e aguardar pela surpresa. Respondi que sim, recostei a cabeça e seja o que Deus quiser. Seguimos de carro, não conseguia dizer para que caminho íamos. Durante cerca de 20 minutos fiquei calada, vendada e expectante sobre o que seria a tal surpresa. Chegamos a algum lugar. O Jorge desliga o carro e pede para eu não retirar a venda dos olhos. Balancei a cabeça afirmativamente. Ele saiu do carro, ouvi a porta bater e depois a minha porta abrir e ele segurar no meu braço para me ajudar a sair do carro. Estava a transbordar de curiosidade, mas respeitei o pedido. Ele me pediu para aguardar em pé ao lado do carro enquanto ia ao porta-malas buscar alguma coisa.

Ele volta a se aproximar de mim, pega na minha mão e pede para eu segurar o seu braço e seguir ao seu lado. Com medo de pisar em algum buraco ou tropeçar dava passos pequenos e cheios de medo. Ele me conforta e diz que o caminho é plano e sem nenhum obstáculo. Sentia frio a minha volta. Era como se estivéssemos numa montanha. De repente passamos do frio para um lugar quente. Ao passar por aquilo que seria uma porta, senti um jacto de ar quente na cabeça como aquele que existe em alguns lugares para criar uma barreira que impede o ar frio de entrar. Continuei agarrada ao seu braço e demos mais uns passos em frente. Paramos e uma voz fala connosco.

“Boa tarde. Em que posso ajudar?”

“Boa tarde. tenho uma reserva para duas pessoas em nome de Jorge Santos”

“Um momento por favor. Sim, cá está. É a suite 125”

Ok. Já tinha percebido que estávamos num hotel. Mas suite?

“Obrigado”

Dei mais alguns passos e parei. Neste momento sinto a mão do Jorge no meu rosto e retira-me a venda dos olhos. Estávamos num hotel luxuoso, não sabia onde era. Ele vira e me diz, bem-vinda ao Tivoli Palácio de Seteais em Sintra. O resto é para eu saber e vocês imaginarem o que aconteceu até segunda de manhã.

Capitulo XV – Um fim de semana de sonho
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Coach Wilques Erlacher

ACC Coach Credenciado pela ICF. Especializado em Coach de Desenvolvimento & Metafórico e Presidente do Conselho Fiscal da ICF Portugal. Há mais de 20 anos que trabalho em funções relacionadas com Marketing, Vendas Corporativas, Desenvolvimento de Negócios, Gestão de Clientes, Formação, Mentoria e Consultoria em Vendas. O meu lema é: “Coaching não é para quem precisa, é para quem quer ser melhor” Os meus contactos são: email: we@wilqueserlacher.com || Skype: w.erlacher || Tel: +351 932 558 558

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